14 maio 2009



Rubro

Para Carol Lemos e Uma Thurman


Chegava sempre com seu jeito maroto, sorriso moleque, de bermuda e chinelo de couro. A voz profunda de homem feito, o olhar essas épocas a misturar, em um amálgama de infante e senhor.
E os cabelos de fogo a me incendiar! Aquela atípica coloração despertando desejos e curiosidades do mais brando ao mais tórrido. Vontade de passar as mãos por seus cabelos, para fazer meu jovem senhor relaxar, beijar-lhe a boca em seguida e acariciar também sua pele cheia de sardas. Tentava esconder esses anseios, mas não muito, pra ver onde ia dar.
Estava sempre tenso, preocupado, tinha muitas questões, o que despertava em mim um lado professoral, de instruir, acalmar relatando vivências, minhas ou de outrem, e essa necessidade de apaziguar, acariciar, aconchegar.
E junto deste querer cuidar, vinha aquele fogo a atiçar outras vontades. Numa hora dar colo, na outra arranhar-lhe, beijar-lhe vagarosamente, depois abrupta e apaixonadamente, ondas de sentimentos e quereres!
Uma curiosidade de desvendar aquelas sardas... Até onde iam?... Aqueles pequenos cabelos... Meio vermelhos... Meio loiros... Até onde se estendiam?... E os boatos seriam verdade??!!!
Já podia antever a hora de amar, seria gentil, carinhoso, mas ainda assim furioso, vulcânico. E nos perderíamos nesta festa por horas a fio, esquecendo do mundo lá fora, sem lembrar do que mais existia, além dos nossos corpos ali a se desfrutar.
Diferenças de idade, experiências, não importariam... Tudo o que precisávamos era deste desejo, deste gostar, cuidar... O resto de alguma forma havia de se resolver.

Será?