DE ESPELHOS E OUTRAS REFLEXÕES
Gostava muito de me mirar em ti, de ver-me ali refletido. Sempre esperando ver algo além do meu reflexo, por alguma razão engraçada, acho que todo mundo que se mira em algo assim, por um lado busca a si mesmo, mas por outro sempre espera algo mais. Eu pelo menos, sempre buscava algo mais, mais respostas, mais... Nem sei! Mais.
Então eu sempre gostava do que via, não do meu reflexo eu digo, mas das outras coisas que se vêem quando olhamos para ti. Pois refletes a alma. E o que eu via em ti, por tanto, era de mais pura beleza.
Não que a tua moldura não fosse bela, era. Ao ponto de por vezes os outros se encantarem de imediato pela moldura, sem ao menos notar a superfície reflexiva, sem notar que o que reflete e o que é refletido, é infinitamente mais belo.
Eu via calma; brilho; inocência; generosidade; bondade, mesmo nos instantes de mau humor ou para com quem não parecia merecer tua bondade no momento; brilho; amor, se não por tudo, ao menos por aquilo que escolheras, a dedo, para depositar o teu amor, amores; sempre um brilho; uma luz.
Era uma honra poder mirar-te e ver todas essas coisas, e eu ali junto, refletido, fazendo parte. Fazia-me feliz, extremamente feliz, saber que havia conquistado todas as chaves para as pequenas portas, ou derrubado todas as pedras das pequenas paredes, para então libertar esse espelho e poder ver todas essas coisas.
Mas o que mais me dói é que aprendi a conquistar e perceber que não aprendi a conquistar e conquistar e conquistar e conquistar mais uma vez.
Muito difícil essa armadilha de ser eu mesmo.
3 comentários:
Lindo, meu filho!
Ah, Gu, que lindo! Saudades de você!
Muito lindo, Mano! Te amo! bjs
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