30 junho 2009


... COM PARCIMÔNIA
Para Morena Cattoni

Olha eu sei que isso pode parecer confuso, ou até ser frustrante pra você. E por favor, não debocha dessa minha mania de transformar tudo em uma grande questão, maximizar as coisas desse meu jeito “Drama Queen”. Mas é que as coisas são importantes pra mim.
E eu preciso falar pra tentar fazer mais claro o que quero dizer, tanto pra mim, quanto pra você. Para que não incorramos na premissa de que “comunicação não é o que você diz, mas o que o outro entende!”
É! Eu sei que na hora de conversas sérias eu tenho uma tendência à diplomacia e a usar palavras “pouco usuais”, digamos assim. Mas isso agora não tem a menor importância, não é?
O que queria que você entendesse é que desde que você me fez aquela proposta, eu tenho me digladiado comigo. Por que por um lado eu quero te dizer que sim, que isso é tudo que mais quero, e por outro que não, por que no fundo isso é uma grande bobeira, que está fadado ao fracasso e que está bom como está, pra que mudar?
Mas calma. Tá vendo? É por isso que preciso de tempo pra desenvolver, pra que você não entenda mal esta minha dúvida e ache que é algum medo irracional e primitivo. É muito baseado numa análise empírica.
Como eu disse a minha primeira vontade é dizer sim! Que quero realizar esse desejo quase infantil de vida a dois, esse sonho que parece que nos foi incutido de uma existência una. Que nem sei bem de onde vem. É decorrer da paixão? Ou reflexo de uma quase imposição social? Por que acreditamos que é isso que leva o decorrer de uma relação?
Então me pego pensando que isto é um modelo de relacionamento fadado ao fracasso, que precisamos de nossa individualidade, que por mais que se queira, não estamos preparados pra nos desnudar tão completamente um para o outro, que esse convívio intenso desgasta uma relação e perde o sentido nos dias de hoje, e quando falo nós não me refiro a você e eu, mas nós todos, seres humanos, sociedade atual.
E justamente nessa hora que tenho medo de parecer uma tentativa de fuga, ou que uso argumentos para disfarçar desinteresse, ou ainda que nem me dou conta de que se tenho este tipo de indagação é por que “não estou tão afim assim” – ou de ao menos que você ache isso.
NÃO! Não é isso. Percebe? Essa é minha natureza de tudo transformar em questões e dialética. O sentimento quer uma coisa e a razão... A razão analisa. Prós. Contras.
Mas acredita quando digo que se dependesse de mim, estaria com uma algema a prender-me junto a sua cama.
Me faço entender?