13 fevereiro 2011


DIÁLOGO 1
Com Alexandre Bordallo
Para Vivian Duarte, Marcella Bordallo e Simone Klein

EM ALGUM LUGAR

Ela: - Foi bom, não foi?
Ele: - Foi, foi ótimo!
Ela: - Pena que você não vai me ligar amanhã, NE?
Ele: - Ah! Não? Por quê?
Ela: - Você homens nunca ligam. Aliás, por que vocês homens nunca ligam?
Ele: - Por que vocês mulheres sempre esperam que a gente ligue?
Ela: - pó que a gente quer trepar de novo.

O TELEFONE TOCA. OS DOIS PROCURAM SEUS CELULARES.

Ele: - É o meu!
Ele: - Alô? Oi meu amor... Eu já estou chegando... Não, mas eu levo para você. Pode deixar... Também te amo.
Ela: - O que ela faz?
Ele: - Quem?
Ela: Ué! Com quem você acabou de falar... Era ele?
Ele: - Pra que você quer saber?
Ela: - Eu só perguntei. Se não quer falar...
Ele: - Não importa.
Ele: - E o que é que importa?
Ele: - importa que eu não vou te ligar amanhã.
Ela: - Ah! Não? Por quê?
Ele: - Por que eu já quero de novo... Agora!

02 fevereiro 2011


DE ESPELHOS E OUTRAS REFLEXÕES
 Gostava muito de me mirar em ti, de ver-me ali refletido. Sempre esperando ver algo além do meu reflexo, por alguma razão engraçada, acho que todo mundo que se mira em algo assim, por um lado busca a si mesmo, mas por outro sempre espera algo mais. Eu pelo menos, sempre buscava algo mais, mais respostas, mais... Nem sei! Mais.
 Então eu sempre gostava do que via, não do meu reflexo eu digo, mas das outras coisas que se vêem quando olhamos para ti. Pois refletes a alma. E o que eu via em ti, por tanto, era de mais pura beleza.
 Não que a tua moldura não fosse bela, era. Ao ponto de por vezes os outros se encantarem de imediato pela moldura, sem ao menos notar a superfície reflexiva, sem notar que o que reflete e o que é refletido, é infinitamente mais belo.
 Eu via calma; brilho; inocência; generosidade; bondade, mesmo nos instantes de mau humor ou para com quem não parecia merecer tua bondade no momento; brilho; amor, se não por tudo, ao menos por aquilo que escolheras, a dedo, para depositar o teu amor, amores; sempre um brilho; uma luz.
 Era uma honra poder mirar-te e ver todas essas coisas, e eu ali junto, refletido, fazendo parte. Fazia-me feliz, extremamente feliz, saber que havia conquistado todas as chaves para as pequenas portas, ou derrubado todas as pedras das pequenas paredes, para então libertar esse espelho e poder ver todas essas coisas.
 Mas o que mais me dói é que aprendi a conquistar e perceber que não aprendi a conquistar e conquistar e conquistar e conquistar mais uma vez.
 Muito difícil essa armadilha de ser eu mesmo.