26 dezembro 2008




Confissões de Um Jovem Ator


Tenho tentado ficar bem. Tenho tentado não dar aos problemas tamanhos maiores do que eles têm. Ou talvez esteja tentando não lhes reconhecer o verdadeiro tamanho. Não sei. Talvez seja melhor acreditar no primeiro, no momento. No que concerne somente a mim.
Gostaria que soubessem que não sou um louco, irresponsável, insensível ou leviano. Que não consegue entender a dimensão do caos que estamos vivendo, todos. Entendo. Mas reconheço em mim, mais do que nunca, a quase impossibilidade de seguir outro rumo, que não aquele que tomei tempos atrás. Apresenta-se para mim a verdade inquestionável, irrefutável de que não posso mais ser nada além daquilo que já sou. Por mais que reconheça em mim qualidades que me permitissem tomar outros rumos, aquilo que sou encontra-se tão fortemente enraizado que as outras possibilidades desvanecem.
Estou tentando. Da melhor forma que posso. Com todo amor e respeito. Estou tentando. Mas ás vezes tudo parece muito difícil. Aquilo que sou e o que não sou. Os dois tento. Os dois difíceis.
Só gostaria que soubessem isso. Estou tentando.

13 dezembro 2008





Muito Gratos Por Sua Presença




Tem horas em que, mesmo agora depois de tudo acabado, tenho vontade de pedir à alguém que me belisque, para que me acorde, por que tenho a sensação de que tudo só pode ter sido um sonho.
Sem saber bem como e nem por que, de repente me vi numa enorme sala de ensaio, cercado de pessoas que jamais imaginei que fosse conhecer e pensava comigo mesmo que há alguns anos ou meses atrás se eu visse uma foto daquele momento, talvez em preto e branco, eu pensaria: “Deus, eu daria tudo para estar ali.” E lá estava.
Não só estava realizando um sonho, talvez o maior, e à esta altura vocês tem a exata medida do que digo, como ainda por cima, talvez por ter mais sorte do que juízo como diz minha mãe, estava cercado de pessoas INCRÍVEIS. Nem mais, nem menos, INCRÍVEIS!!(Na verdadeira acepção da palavra, daqueles não se pode crer.)
Eram todos tão incrivelmente talentosos, amorosos, generosos, amigos, que tornava tudo ainda mais difícil de parecer crível, real. Cada um com seu temperamento, qualidades, defeitos, mas ainda sim todos incríveis... E eu me perguntava “O que fiz para merecer isso?”. Com o passar do tempo fui me apaixonando cada vez mais por cada um de vocês, a cada dia um me surpreendia com um gesto, comentário, sorriso ou qualquer outra coisa, simples, pequena, boba e eu me fascinava. Houveram bons e maus momentos, sei que nem sempre foram flores, mesmo entre nós. Mas nada isso importa, paixões também são feitas de tempestades, não é mesmo?
Agora parto, com um nó na garganta, um aperto no peito. Agora parto, querendo levá-los todos comigo. Agora parto, para realizar mais um sonho... Embasbacado... E me pergunto:
“Meu Deus, O que eu fiz para merecer isso?”

(Repetições e interrogações, este sou eu, não é?)

03 dezembro 2008



UM LONGO MOMENTO
para Maria Helena Sandri


Uma vez minha tia me disse que a vida tinha que fazer movimentos que imitassem uma escada, sempre para frente e para o alto e paulatinamente, disse Que Nunca Se Devia deixar a vida fazer movimentos de rotação (“dar voltas!”), por que Se Não Acabaríamos Onde Começamos. É isso que não quero, quero seguir em frente, como a escada. Essa nossa história já rodou tanto que parece estagnada no mesmo lugar.
Queria que você pudesse me acompanhar nessa mudança, mas se você não pode...
Acho que é assim que vou acabar deixando de gostar de você. Eu, que achei que seria Uma-Breve-Passagem e acabei me tornando Um-Longo-Momento. Eu tenho que por um ponto final. Eu, que queria deixar de ser Um-Longo-Momento, como deixei de ser Uma-Breve-Passagem, para me tornar Um-Próspero-Futuro.
Não cheguei a colocar um ponto final. Basta que você me acompanhe nesse processo de transformação de se tornar uma escada. Mas você parece fazer pouco caso ou não querer me acompanhar. Então me parece sensato parar por onde estamos.
E seguir... sozinho.
Ou não...

29 outubro 2008


Choram os espelhos


E essas crianças que choram de olho no espelho
Choram em desespero e lamento árduo
Choram de dor, saudade e convicção
Deparam-se com essa triste ilusão
Que as agride de forma sublime
Que agride seus corações
Presas às couraças corporais
Prisioneiros da boa educação imposta
E de conceitos infiltrados
São os prisioneiros e os carcereiros
Essas crianças não mais de olho no espelho
Absortas em seus pensamentos
Esquecendo-se da lei da alegria e
Do sorriso do palhaço
Sofrem os carcereiros de si
Choram sem esperança
Esquecendo, bem lá no fundo,
Sua criança

05 setembro 2008


Janelas Vazias

Ele sentia um vazio, uma sensação profunda de ser corroído por um vácuo. Lembrava de tudo o que passara e a sensação aumentava. Não sabia ao certo porque se sentia assim, talvez fosse só um vazio passageiro sem causa aparente, talvez fosse medo, talvez fosse saudade. Fosse o que fosse. O que era ele não sabia. Ficava olhando as luzes da cidade pela janela e pensava que seu vazio refletia o vazio da cidade. Comparava. Olhava aquele mar negro de pontos luminosos e acreditava consciente do egoísmo, que o que sentia era pior do que o que os demais desse mar sentiam. E construía pensamentos que defendiam essa crença obscura, acreditando que seu vazio refletia o vazio da cidade em conjunto, mas não individualmente. Tentava imaginar o que as pessoas faziam naquela hora, numa cidade como aquela. Lembrou de todas as casas noturnas, bares e similares, pensou também nas possíveis festas em casas, apartamentos e etc. Percebeu que o que levava a maioria dessas pessoas a esses locais era a solidão, por mais que aparentassem se divertir, e alguns realmente se divertiam, mas a maioria quer fugir da solidão.
Foi só então que percebeu...

19 março 2008


“Espelho, Espelho meu...

Para Deborah Bapt

... Existe alguém mais belo do que eu?”, e o espelho respondeu: “Isso importa?“. “Não importa?”, mais intrigado perguntei, responde novamente o espelho: “Procure dentro de si para achar as questões que realmente importam e lá ainda encontrará as respostas.”.

Tantas perguntas e tantas respostas encontrei e o mais incrível era perceber que por vezes as questões se repetiam e encontravam novas respostas. E óbvio que para novas perguntavas viriam velhas respostas.

Foi então que dentre estas idas e vindas dialógicas que percebi que precisava encontrar um novo jeito de “amar”, assim entre aspas porque não sei ao certo se era isso, talvez fosse relacionar-me, mas enfim algo do gênero. Percebi que precisava deixar mais livre, para ter retorno, esperar menos, criar menos expectativas, para que aquilo que viesse fosse uma grata surpresa. Por que o esperado dificilmente viria, mas o que viesse poderia ser ainda mais prazeroso e gratificante. Ter menos ciúmes, pois este não me traria nada a não ser dor para mim mesmo. Difícil? Muito, mas ainda sim necessário.

Porque percebi também que o cotidiano me desgasta, anseio pelo novo, pela mudança, e se obtivesse aquilo que eu insistia em me fazer crer que queria tanto, talvez enjoasse e dispensasse. Então não seria justo com outrem que acabaria vítima de meus caprichos. Deixar-se seduzir por mim, realizar minhas vontades, para em seguida ver-se só, triste e vítima dessa minha loucura da busca pelo novo.

Talvez então buscar essa nova forma de relacionar-me e de vencer aquilo que me parece imposto pelo corpo social, as “regras”, tão já enraizadas em mim, seja a solução. O duro é identificar-me com certas regras, é parecer que elas são os meus desejos, daí fica difícil superá-las. Como se supera uma vontade em prol de um ideal? Como segurar um impulso, respirar, e lembrar-se de que numa reflexão sobre si concluiu-se que era melhor outro caminho, levando em conta características que não têm a ver com aquela simples vontade momentânea? Como reagir quando simples vontades não são atendidas, como encontrar serenidade quando sentimentos intensos afloram, para mesurá-los e encontrar uma ação/resposta pertinente?

Tantas perguntas que encontram respostas, mas que voltam a ser perguntadas e re-respondidas, por respostas que levam às mesmas perguntas, porque provém de circunstâncias vividas. Tantas perguntas. Tantas.

“Qual o segredo do labirinto?”, perguntou Alice. E o Rei respondeu: “Você começa pelo começo, passa pelo meio e quando chegar ao final... Você PARÁ!”

14 março 2008


Que falta você me faz!!

Para Elizabeth Zuwik

Que falta você me faz!

Sinto falta do seu beijo

Falta do seu corpo

Falta de passar a pele

Macia da minha mão

Na pele áspera da sua perna

Falta de apertar suas nádegas

Falta de sentir o seu suor

Falta de tocar seu peito

Tocar seus braços

Falta do seu toque

Do seu carinho

Será que sentes falta de mim?

Que falta você me faz!!

Minha Amada,

Como podes duvidar da falta que me faz?

Como podes me deixar partir?

Sinto falta de ti como tu sentes de mim

Sinto falta de seus olhos,

Da pureza de teu olhar.

Falta da tua boca,

Da maciez de teus lábios

De tua pele alva e delicada

De teu amor, tuas carícias, tua ternura

Ah, sim!

Que falta tu também me faz!!



02 fevereiro 2008



Preciso de um Controle Remoto!!!

para Eduardo Mihich

Pause. É assim que se encontra minha vida agora, pausada. Ou pelo menos é assim que me parece no momento. Compreendo que isso seja totalmente passível de discussão, já que para alguns o fato de eu andar, comer, sair, enfim, viver, dará a impressão de que minha vida está em play. Mas não está. Ao contrário dos outros, ou pelo menos assim creio eu, minha vida se encontra em Pause. Estagnada no mesmo ponto de antes, parada, já há algum tempo, num ciclo vicioso do qual não pareço conseguir me livrar.

Falshbacks. São tudo o que me ocorrem no momento. Por mais que eu deseje desesperadamente um fast-foward, para descobrir o que será da minha vida, tudo o que eu consigo são flashbacks. Rever tudo o que vivi até aqui, rever meus erros, minhas escolhas, e ter mais fortemente a sensação de que minha vida está absolutamente, inexoravelmente, pausada.

Talvez seja uma questão de ângulo, é possível, talvez seja tudo um grande erro de interpretação. Mas no fundo, o que mais dói, é a maldita sensação de que foi um grande erro de direção. Uma grande pretensão, um grande equívoco, esta obra mal acaba que é minha vida. Aliás, mal acabada, mal escrita, mal produzida, enfim, um erro.

Pergunto-me se eu pudesse editá-la, se o faria? Acho que não. Por mais que eu seja um produto desta vida que agora me parece uma obra de arte de quinta categoria, gosto do que os flashbacks me mostram, gosto da vida que tive, de quem sou, só não entendo e não gosto essa maldita sensação de estar tudo pausado, congelado. Pior, de andar em círculos.

Dizem que estudamos história para aprender com os erros do passado e não repito-los no futuro. Então estes flashbacks devem me mostrar onde errei para que entenda o porquê desse Pause. Mas não faz. Não vejo onde posso estar me repetindo para ter esta sensação, creio até estar fazendo tudo diferente. Então por quê? Por que essa sensação insiste em me atormentar?

Talvez se eu desse rewind? Reviver o que já vivi ao invés de só rever, será que perceberia melhor o erro? Será que alguém o faz?

Ficar preso ao passado também não muda muita coisa, pelo contrário, devo aceitar que isso faz parte do que sou, parte desse meu roteiro, sabe-se lá se traçado por mim ou por Deus, mas o que foi escrito até aqui não tem como ser re-escrito ou editado, é fato, faz parte da cópia final. O que posso e devo fazer é tentar escrever melhor as próximas cenas para ter um grande final. E é justamente isso que pareço incapaz de fazer. Então talvez não seja um pause, mas um bloqueio criativo, se bem que ambos parecem a mesma coisa agora. E não se trata de não querer ou não saber escrever um final feliz, um Happy end, mas por mais que me esforce, por mais que digite as palavras e as imprima a vida não segue o que está escrito e pior, parou num certo ponto do script.

Por tanto, se o roteiro ta pronto, tenha ele sido escrito por mim ou por Deus, por que raios esse filme parou num ponto, que nem ao menos é clímax? E o que, meu Deus, posso fazer para fazer o rolo rodar?

Vislumbro uma possibilidade, uma mão parece apertar um botão e a fita parece rodar lentamente. Espero que não seja só uma encenação, mas fato.

14 janeiro 2008


Dama da....

Para Caio e Rodolfo

Sinto-me uma idiota, uma estúpida, caindo mais uma vez nessa armadilha de amor. Nesse jogo insano dessa projeção. Maldita projeção que só faz eu me fuder. E nem é literalmente.

E todos pensam que eu sou uma puta. Eu sei que sim. E talvez eu seja mesmo, como Diniz “eu dou pra todo mundo, só não dou pra qualquer um!”. Mas o que eles não sabem é que no fundo, no fundo, eu sou dama das Camélias... Bem isso!! Dama das Camélias. Sabe como? Aquela puta ordinária procurando seu Knight in a Shining Armor.

Mas o que me dói mesmo é essa incessante e insensata busca de um porquê. Que porquê?? Não tem porquê!! É assim que as pessoas são F-I-L-H-A-S D-A P-U-T-A!!! Preocupadas com seu próprio umbigo e vontades, e ponto.

Só eu que ainda estou preocupada em fazer a coisa certa, em como isso vai afetar o, ou o que irá significar pro, outro. Estou mesmo? Há circunstâncias que provam que sim... Mas enfim... Eu que me foda... Não é?

Então eu me sinto mais digna, mais justa... Ta bom! Eu sei! Você também está tentando fazer seu melhor... Dando o melhor de si... Mas isso é tão ínfimo, boy... O seu melhor não é quase nada... É poeira... Não serve! Não a mim!

Eu quero aquilo que está à altura do que dou! Até mais... E se não é aqui que vou encontrar... Então...

Há um mundo vasto lá fora. Cheio de pessoas interessantes e interessadas. E não faço concessões para encontrar o que quero e se já te dei todas as chances e todas as deixas e se não aproveitastes, o problema é seu, boy.

Eu sei que pago um preço por ser quem eu sou... Mas tá tudo certo!!! Sou paciente... Tenho força... Um dia eu encontro! E não há de tardar...

Quanto a você? Beeeemmmm... Não é você quem diz... “Quem sabe um dia?”... QUEM SABE?