17 novembro 2010


Por que adoro Clandestinos

 É difícil começar a definir por serem tantos os aspectos, entre estilo próprio, auto-referencia, metalinguagem, dramaturgia musical, e até remeter a outros trabalhos, uma mistura de Cult com pop, são tantos os elementos.
O próprio começo da peça já acho inusitado, um seresteiro tocando rabeca, cantando umas coisas doidas, para logo em seguida, rápida e simplesmente nos apresentar o enredo da peça. Que a peça se passa na cabeça de autor de teatro que quer escrever sobre esses moços e moças que sonham esse sonho de ser artista nessa cidade dos sonhos.
João tem a capacidade de ser poético na simplicidade, ele não fala em fama, apesar de isso estar implícito em determinados momentos, mas em ser artista. E a partir disso constrói uma ode aos artistas em geral. Todos os seus desejos, anseios, medos, inseguranças, dúvidas...
 O fato de a peça se passar na cabeça do autor, lembra a trama do Company, musical de Sondheim, sendo que aqui fica ainda mais claro e João trabalha este elemento complexo, e até rebuscado, de maneira “popular”, direta e clara para o público. Aliás, a primeira música por incrível que pareça me remete a Sondheim também, “quem quer comprar meu samba?” me soa como uma metáfora que Sondheim usaria em uma canção sua e dá a cara de teatro musical ao espetáculo, Sondheim certamente desenvolveria a letra e usaria esta frase como refrão, o que não é o caso aqui, mas eu adoraria ver uma letra desenvolvida para a canção por João Falcão, que opta pela repetição do refrão e nada mais. Inclusive a repetição do bordão me faz pensar em Pina Bausch, já que verdadeiramente a frase repetida na música acaba ganhando uma gama de significações para o espectador.
A trama começa a se desenvolver e percebemos um padrão de diversos personagens “imaginados” pelo autor-personagem, histórias que nos deixam na dúvida se totalmente ficcionais ou parte da vida dos atores que as interpretam e que não se concluem, para encontrar um final mais a frente, ou se interligarem, mais alguém pensou em Corte Seco, ou qualquer outra peça de Christiane Jatahy? Seja intencional ou não, João mistura teatro contemporâneo com uma fórmula mais tradicional, e consegue um resultado moderno, mas de fácil assimilação, sem um ranço de tentar ser vanguardista.
Não satisfeito Falcão se coloca junto no bolo, o personagem do autor, como não poderia deixar de ser, faz referencia tanto ao ator que o interpreta quanto ao próprio Falcão o autor do espetáculo. Tanto referencias de seus trabalhos anteriores, A Dona da História (cena das gêmeas), Cambaio (cena em que o cantor performático sonha ser o seresteiro e vice-versa), Ensina-me a viver (ao mencionar o romance de uma senhora de idade com um rapaz mais novo aristocrata), entre outras que podem ter me escapado, quanto a frases que ele já ouviu ou deve ter ouvido “você é o cara”, “você é genial”, “você sabe delegar, você tem antenas”, entre outras.
Juntando essa salada de vidas, temos cada personagem passando por uma situação que é pertinente a todo artista, bem como uma gama de sentimentos, tornando assim o espetáculo pura metalinguagem (alguém falou contemporâneo?)
Sem esquecer ainda o aspecto de Teatro-Musical, tanto o primeiro número “quem quer comprar meu samba?”, quanto o final sobre palmas, falam tanto da trajetória desses personagens, seus anseios, quanto os de qualquer artista, se tornando assim essenciais para a dramaturgia do espetáculo e adiantando a ação. Mesmo os números cantados por alguns dos personagens ao longo da peça, são maneiras de descobrirmos outro aspecto da personalidade desses personagens, e os transformando durante o número, sendo assim teatro-musical. A propósito, pode ser viagem minha, mas acho a música das palmas muito Sondheim também, quero inclusive arranjar um jeito de mostrar essas músicas ao próprio para ver a opinião dele, rs. (Sondheim sendo considerado o maior compositor de teatro-musical vivo, creio que João falcão está em muito boa companhia).
Não posso deixar de mencionar os elementos “Falcãonianos”, o espetáculo galgado no trabalho dos atores, com pouco ou nenhum cenário, tendo a luz fazendo as vezes deste, além do trabalho usual da luz num espetáculo, as frases curtas, o cuidado com o corpo dos atores, a liberdade para os atores se arriscarem e experimentarem. Além do humor inteligente e rebuscado, mas ainda popular e de frases lindas e poéticas, mas ainda simples. (A Seqüencia de perguntas que o personagem negro Eduardo faz ao autor-personagem Fabio que conclui com “Essa fome de aplauso, de onde vem?”, me arrepia até hoje!).
Eu posso ter viajado em diversos aspectos, mas um espetáculo que leva um espectador a essa Gama de sensações e considerações só pode ser considerado um primor!

Parabéns a João Falcão, aos atores e todos os envolvidos no espetáculo, desde sua criação a sua execução diária.

14 outubro 2010

                                                           Cabeça ao travesseiro

Às vezes eu sonho com você. Parece estranho, depois de certo tempo, que isso ainda aconteça. Mas acho que ainda não vi uma rotina com sua ausência. Bem, você nunca fez parte da minha rotina. Que rotina, meu Deus? Mas me referia à rotina que estabelecemos entre nós. De encontros ocasionais quando possíveis. Papos, cafés. E eram sazonais, mas significativos, especiais. E na correria do dia a dia, num decorrer de eventos, acabei por não sentir sua ausência. Mas me pergunto se agora ao acompanhar a rotina dos que nos cercavam, ela se fará mais presente.
Tua falta sinto muito. Sempre senti. É bem estranho que agora, um momento em que precisaria de um desses encontros, volte a encontrar alguns daqueles que nos cercavam na nossa “rotina”. Quase posso ouvir a conversa, só não escuto o que me respondes e isso é o que mais preciso, suas respostas. Depois que tanta coisa mudou, seria bom ter algo de “tradicional”. Então me pergunto se por isso os sonhos, se você me aparece em sonho para que eu tente ao menos imaginar o que me dirias.
Você me surge em sonhos... E eu queria te dizer... Mas também não posso...
Assim como não posso dizer Que sinto muito a tua falta. Que sou grato por tudo o que pudemos viver, pelo que me ensinou, e por me ajudar a me tornar a pessoa que sou...
Mas posso tentar...

Para Maria Helena sandri.

09 agosto 2010


De Fugas e Portos

Me Dói ver você assim mentindo pra si
Vem, volta pra mim
Que junto ao meu peito você é mais feliz
Quis voltar pro seu porto seguro
Sem perceber que sou eu que te inspiro
Quis voltar pra sua zona de conforto
Seu lugar conhecido, abrigo
Mas o que você precisa entender
É que tudo pode ser confuso, doce
Pertubador e lindo
Você sendo Você
Mas comigo

08 julho 2010

      

Eis que o menino que era tão cheio de palavras, ficara desprovido
delas. Uma ausência na mente, um nó na garganta, uma suspensão no
coração!!

25 junho 2010

 Na falta de palavras melhores sempre achei melhor copiar, citar na verdade. Por que se alguém já disse melhor do que eu por que eu me atreveria a tentar inventar? E o bom das palavras é isso, nos apropriarmos das dos outros, emprestarmos as nossas, para que todos se expressem e para que ganhem novos significados.

 Hoje, "roubo" o post da minha querida e saudosa amiga Carol Burnier, que está na Espanha!


E algumas vezes apavorante. O mundo vem como uma onda. Decidi que não quero frear nada mais, quero sentir tudo, viver tudo. Não será sem medo, o medo sempre vai estar ali, mas eu quero. Eu quero tudo. Quero ser enorme, quero devorar tudo e todos. Quero perseguir dragões, quero ser o fim do mundo. Quero ser engolida pela floresta, quero viajar até o coração das trevas. Eu quero tudo. Quero arder. Ainda que o fogo me consuma inteira, ainda que eu saia com a pele coberta de cicatrizes, ou que restem apenas cinzas. Eu quero arder.

http://celta.blogspot.com/2010/06/its-dark-out-here.html

12 junho 2010

                                                                 

                                                               De Silêncios

 Hoje calei. Dúvidas e anseios. Dores. Não dessas profundas e dilacerantes. Pequenas. Feridas. E por isso piores.
 Sombras que pairavam no ar, se insinuavam. Davam medo por que não eram concretas, e por tanto com elas não se podia lidar. Com sombras não se lida. Se cala.
 Se eu tivesse objeto eu poderia lidar, com o concreto se lida. Mas com o efêmero?
 E essas pequenas sombras a se somar e formar um tormento. A turvar a visão. A razão.
 E mesmo tentando lidar com elas. Novas surgem, por que cada ação tem uma reação, e sei o que acontece se eu puxar determinadas cordas. E não quero que me acusem de puxar sempre as mesmas cordas, ou as cordas que resultariam no mesmo.
 Então só elucubrando, sem poder ou sem saber que corda puxar. Sem ter, ou saber, ou poder, o que falar.
 Calei.

30 abril 2010

                                                                        
         Shoshana

 Gosto do seu sorriso
 Desse jeito dengoso
Gosto destes pêlos revoltos
Gosto do som do seu miado, do timbre
Gosto quando mia pra mim
De te ter perto
Mesmo que em silêncio me olhando
Ou só ao me lado dormindo
Da nossa cumplicidade
Dos nossos momentos juntos
E das brincadeiras também
De que me peças colo
E como me olha por fim
Gosto de te ter pra mim

24 abril 2010


Dessa Arte de Presentear
                                                    Para meu primo Marcelo

Eu quis te dar um presente
Que fosse diferente
Mas sem errar
Já te dei presente que sabia que ia gostar,
Por te conhecer
Já te dei presente por que queria que você conhecesse
Arrisquei em Dionísio
Para que a esta nova fase pudéssemos brindar
Me enternece ao ver que meus presentes, acabam por te agradar
Mas você bem sabe que não há presentes suficientes para te agradecer.
Só me resta dizer...
Que para sempre vou te amar
E este simples “poeminha” escrever

15 abril 2010

Da Série Queria Ser um X-Men 3: Visão!
Para Daniel Monteiro

OK! Eu sei, Visão não é x-men. Nunca foi. Era um Vingador. Mas isso não vem ao caso. A série é para eu poder divagar como seria ter certos poderes.

Visão, dentre outras, tem a habilidade de controlar sua densidade molecular. E Sempre achei esse um dos poderes mais interessantes. Poder ficar intangível como um fantasma, ou duro como um diamante.
Na forma fantasma poderia voar, pois ficaria muito leve, e economizar em transporte; atravessar paredes e nunca mais gastar dinheiro com chaveiro ;)
Duro como diamante, pra não ter mais medo de assalto e tiroteio. Ia ficar corajoso que só vendo!!
E pra mim, poderia ainda ficar invisível.... e nem sei se é publicável tudo o que eu faria se pudesse ficar invisível!!! Só sei que alguns amigos ficariam mais surpresos comigo surgindo do nada e diriam em coro: “Mestre Dos Magos!!”
Mas essa é outra história, hehe!!

03 abril 2010


Perder-se ao Olhar-se

Estava aturdida, assustada e... temerosa. Acho que temerosa é a palavra certa, pois não havia medo. Medo não. Talvez por uma estranha certeza de que tudo acabaria bem, ou esperança. Ou talvez ainda, por que naquele momento não houvesse nada para se ter medo.
Mas não havia como voltar por onde eu tinha vindo e eu precisava seguir em frente. Sempre se precisa ir em frente. “Sempre se precisa ir além de qualquer palavra ou qualquer gesto”, alguém havia me dito.
Então resolvi seguir por um túnel que havia à minha frente. Até chegar a uma pequena, minúscula entrada, pela qual entre idas e vindas e inúmeras tentativas, consegui passar.
Tive a certeza de que acertei ao não ter medo. Estava livre. Livre? Sem ter voltado. Sem me entregar.
Não mais pressa. Mas em algum lugar que não conhecia (o que me pareceu deveras inusitado, como poderia haver um lugar tão desconhecido, perto de um outro que eu tão bem conhecia?), sai perambulando, para tentar me encontrar.
E acabei encontrando tanta figuras inéditas, desconhecidas também, gente que pensava diferente, que falava sem ornar; gente simpática, que falava em enigma; gente que gostava de mandar, gritar; outros que só conseguiam obedecer; e quem gostava de questionar.
Uma grande sorte de “gentes”!
E no final das contas me encontrei, e voltei pra casa. Sem retroceder.
 Nunca!

19 março 2010




Sobre Esses Nobres Jovens em Brancos Cavalos
                                                                                                                                 para Thaís Lopes

Chegou assim num cavalo branco me socorrendo de um perigo qualquer, de um mal. Levou-me pro seu castelo, cuidou pessoalmente de minhas feridas e como geralmente acontece acabou por apaixonar-se por mim, e eu por ele.
Sempre charmoso, com seu lindo sorriso, conquistava meus amigos, e a mim ainda mais. Um brilho nos olhos ao me olhar, sempre esse brilho no olhar. Me admirava, respeitava, me queria sempre por perto... E eu também. Cuidava de mim como nenhum outro, me admirava como nenhum outro, se orgulhava.
Tinha horas em que eu pedia para que me beliscasse, na certeza de que iria acordar, mas ao abrir os olhos ele continuava ali, e os olhinhos brilhando!
Eu pedi pra me deixar levá-lo para além dos muros do castelo, e ele se deixou levar sem se preocupar com o que sua mãe, a Rainha acharia ou diria, me deixou mostrar um mundo de novas coisas, sensações, experiências.
Era sempre tão gentil, carinhoso, amoroso...
Como toda a princesa moderna eu me perguntava até quando iria durar, quando ele conseguiria ver meus defeitos, minhas falhas e sua admiração, paixão, ruir.
 Eu cada vez que o olhava, analisava, só o admirava mais, gostava mais, descobria novas pequenas coisas para admirar, amar.
Mas cada vez mais eram novas vivências, novos planos, e o brilho lá.
Até o dia em que cai da cama, acordei com o susto, olhei em volta para ver se o encontrava...
E como era de se esperar...
Ele estava lá, meu príncipe encantado de carne e osso!

02 fevereiro 2010


“É bom Olhar para trás...”

“... e admirar a vida que soubemos fazer...”

Um amigo da Lian propôs, ela entrou na brincadeira, e também topei! A Regra é re-lembrar momentos. Vamos?

1 semana atrás (janeiro de 2010): Última Temporada de Avenida Q no Canecão com quase toda o Elenco original, fechando um ano! Fechar Ciclos não tem preço!
1 mês atrás (dezembro de 2009): Natal e Ano Novo em Nova York, vendo todos os musicais que conseguisse, Dreams Do come true!!
6 meses atrás (julho de 2009): Temporada de Avenida Q no Rio entrando em seu final e eis que conheço a pessoa que ia mudar a minha vida!
1 ano atrás (janeiro de 2009): Ensaios de Avenida Q, descobertas, re-encontros, confusão , rs! Processo!
2 anos atrás e meio atrás (julho de 2007): Aprovado na Audição de “Os Produtores”, 1º Musical da Broadway, mudança de cidade, mudança de vida!
5 anos atrás (janeiro de 2005): Em Porto Alegre, Família, segurando as pontas, “se esconder para se re-encontrar?”
10 anos atrás (janeiro de 2000): Em São Paulo, onde estou agora, fazendo Pop By Gawronsky, com um diretor que admiro absurdamente, conhecendo Rodolfo, meu amigo Fã número 1 de Caio F. A., recebendo a noticia que passei para a faculdade de teatro, sei lá... mil coisas!!

18 janeiro 2010

Novas Vivências, Velhos Fantasmas
para Carol Lemos,Maysa Mundim,Deborah Bapt, Morena Cattoni, Rodolfo Lima.


PARA SER LIDO IMAGINANDO UMA LINDA MULHER, DE TRAÇOS FINOS E FORTES, NEGROS CABELOS CURTOS SEGURANDO UMA TAÇA DE VINHO E UM CIGARRO ACESO.

AFF! Como sou estúpida, caindo mais uma vez nessa armadilha!! Apaixonei-me. Outra vez.
O problema em si não é essa coisa da paixão e tal, não! É mais uma vez essa via de mão única, essa passagem só de ida, esse dar-se unilateral.
Sim, sim! To tentando segurar minha onda. Óbvio que houve alguma resposta, algum indício de um mínimo de interesse, por que você me conhece, se não num rolava.
Mas começo a sentir aquela coisa crescendo, se espalhando por dentro de mim, vontades. Aquelas pequenas obsessões, todas aquelas coisas que havia me prometido. Não Mais.
Mas a coisa ainda tênue, branda, o melhor agora é encontrar uma maneira de curti-la, mudar resposta aos impulsos, apreciá-los, vou curtir como uma coisa só minha, um prazer só meu. Tipo pequenos vícios, saca?
E me convencer a não criar expectativas e ser grata pelas pequenas surpresas que vem! Tarefa difícil.

Vou voltar pra minha taça de vinho, pro meu cigarro... E celebrar!