08 outubro 2007



ALGUÉM PRA QUEM SE POSSA CANTAR!

Então seu coração havia se esvaziado, tornado-se frio, mas não um frio congelante ou insensível, ainda era capaz de sentir solidariedade e outras coisas, até mesmo um princípio de paixão. Mas agora tudo parecia mais efêmero, passageiro.

Nada mais vinha com a mesma facilidade, porém ia facilmente. Os raros novos sentimentos que conseguiam afastar a névoa um pouco, quando se provavam frágeis, incoerentes, eram rapidamente encobertos de novo. Tão ao contrário do passado, onde tudo chegava tão fácil, bruto, intenso e mesmo erroneamente, duradouro.

Sendo assim, não havia mais canções para esse coração, onde antes haviam várias, fossem reproduzidas ou criadas, agora nada restava. E se a boca as entoasse, elas pareciam desprovidas de significado, por que o coração estava mudo. Mas o pior ainda era aquela sensação de não empatia onde antes havia muita, o que antes lhe falava alto, encontrava eco, agora não causava nenhum impacto, por que faltava um objeto para o qual se dedicar.

E essa “ressonância”, esse alguém para quem dedicar tais canções, era de tal forma tão intrínseco ao seu ser que agora faziam uma falta enorme, então era algo além de sentir falta dos sentimentos, mas sentir falta de si mesmo, quase não se reconhecer. Por mais alto que as músicas lhe falassem, faltava o significado essencial para aquilo.

E não havia nada que se pudesse fazer, a névoa se formara como forma de defesa, para que ele não se machucasse mais, nem tão facilmente. Daí provinha o paradoxo, querer ansiosamente uma paixão, sabendo que ela não se dará facilmente devido a uma série de circunstâncias.

5 comentários:

uma disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
uma disse...
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uma disse...

Ui! Acordei no meio da madrugada - por que será? meus horários de sono estão tão regulares - e LI. Ui!

Ui. Ui. Ui. Ou seria, ai, ai, ai? O fato é que as interjeições insistiam em aparecer período a período.

Me lembrei de uma frase de Alexandre Dumas. Algo como "por pior que seja minha desgraça, poderei sempre transformá-la num livro".

É, amigo, no tempo dele não tinha blog...

E que venham a nós novas palavras!

Harley Arruda disse...

A névoa isola... nunca protege... com como a luz de um farol a beira mar costumo enxergar alem da névoa... e lá dentro, depois de um breve olhar... sei que a canção semrpe esteve lá... e sempre estará... e nunca irá para de tocar... pq é esta sua essencia... a cançao da garganta sofrida, da cabeça erguida...do amor e da esperança... a Cançao do cantor e de seu violão!

GIGANTE disse...

O que eu posso dizer!
Entendo claramente essa situação